Por Vanessa Farenzena
Atlântida Sul, 30 de janeiro de 2011
Descobri, na primeira vez que vi o mar que aquela imensidão de água é salgada, tem gosto de sal! E fiquei tão maravilhada que enchi uma garrafinha dela e levei para casa para apreciar e partilhar a novidade com outras pessoas, coisa de gente do interior.
Com o tempo a água salgada do mar foi mudando seu gosto, e adquiriu um gosto gostoso de milho verde e um cheirinho mais gostoso ainda férias... eles, esses cheiros e gostos, me acompanharam por um bom tempo.
Mas o tempo passou e o litoral deixou de ser um lugar de passeio e se tornou um lugar de morada... fez-se casa, a minha casa!
O mar, que antes tinha aquele gosto de milho verde e cheiro de férias foi mudando sua “fisionomia”. Ele ganhou braços que me acolheram, se tornou aconchego, meu amigo confidente. Aquele que inspirava meus delírios poéticos e guardava a minha poesia.
Certo dia, conversávamos sobre Deus... falávamos que Ele não muda, o que vai mudando é nossa relação com Ele... Acho que foi isso que aconteceu comigo e com o mar, ele está lá imenso, sempre em movimento, o que mudou foi minha relação com ele, o significado dele na minha vida.
Seus braços ainda me acolhem e sua imensidão ainda guarda minha poesia, mas seu gosto, seu cheiro mudaram... eles agora me trazem um sentimento estranho que se chama saudade!
Sabe os mariscos e as tatuíras? Depois que cresci e parei de ficar peneirando areia para encontrá-lo não tinham mais função para mim, mas agora toda fez que vejo a onda vir e desenterrá-los e eles se apressarem em voltar para areia ou toda fez que se movimentam sob meus pés (quantos deles será que matamos quando pisamos?) não lembro da minha infância, mas lembro de pessoas que me encantaram, lembro da pessoa que me cativou, lembro das nossas vidas, nossas partilhas e nossos sonhos de um mundo melhor!
E enquanto o mar estiver lá na sua imensidão e no seu incessante movimento eu me lembrarei desses amores que habitam em mim e sentirei na brisa o cheiro da saudade e algumas vezes vai me acompanhar um aperto no peito e uma gota de água salgada vai rolar no meu resto, mas essa não será do mar!
Obrigada Rafael, Alessandra, Luiz Fernando e Claudemir por fazerem parte dos meus amores!