quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O que se aprende da vida que se leva

Fim de ano é tempo de olhar para traz e fazer um balanço das coisas que aconteceram em nossa vida. Confesso que algumas interferências externas estavam tornando este processo bem difícil para mim. De um lado eram os amigos dizendo pelos cantos estarem preocupados comigo, com o que eu quero da vida, com meus estudos, dizendo que eu estava a me contentar com “aquele meu trabalho” como se fosse a minha, será que ela está querendo isso para a vida dela? De outro minha mãe perguntando a todo instante e o teu mestrado filha, quando tu vai fazer? Outros ainda não se cansavam de me informar olha abriu concurso público aqui, ali, lá não sei em que lugar, todos muito preocupados com a minha estabilidade.

Não desprezo a preocupação deles, até admiro a atenção que tem comigo... mas isto estava mesmo me perturbando parecia que o ano não havia valido de nada para mim. Até me esforçava para assumir que escolhi fazer deste período um ano sabático para os estudos acadêmicos, mas parecia que isso me tornava uma pessoa muito feia e sem expectativas. Nossa, embora nem todos os meus amigos pensem assim – dois ou 3 não pensam – estou me deixando influenciar pelo tititi dos outros.

Comecei a procurar coisas boas que me aconteceram e uma deles foi um presente aniversário a poucos dias. Um livro de crônicas da Marta Medeiros. Não amo tudo o que ela escreve, mas tiro o chapéu para muita coisa. Voltando ao livro, em uma de suas crônicas ela relata sobre uma viagem onde o objetivo não era o fim e sim o próprio caminho. Salve Marta... salvou meu balanço do ano.

Sim, neste ano escolhi não me enrolar com assuntos estudantis e acreditem isso não fez de mim uma pessoa alienada! Talvez esteja mais dentro do mundo que antes... tive tempo para mim e para as pessoas. Tive tempo para trabalhar. Tempo para enfrentar meu orgulho e buscar superar problemas que só me faziam sofrer, admito, uma das coisas mais difíceis da vida!

Tive tempo para as pessoas, sempre tive, mas antes elas representavam alguma utilidade social e por isso me dedicava a elas, não todas, mas a maioria. Este ano me dediquei simplesmente porque me cativaram e se tornaram importante para mim. Aprendi que posso amar e deixar que me amem sem que isso precise de um contrato de posse. Isso não quer dizer que tenha abandonado meus amores platônicos e nem que tenha tido interesse em começar um namoro.

Aprendi que mesmo longe as pessoas que a gente ama permanecem em nossos corações e, as vezes perto as pessoas que significam muito não são vistas todos os dias, semanas ou meses... e que pessoas que julgava serem amigas, estão próximas apenas porque algum proveito tem com isso.

Aprendi que por mais que algo seja importante para nós às vezes não somos mais necessárias para ele e que é preciso saber sair de cena, dispensando o estrelismo do final do espetáculo. Aprendi que não sou insubstituível, apesar de saber que sou única.

Descobri que perto de mim tinha um grupo de biodança e me alegra ser parte dele e deixar que ela faça parte de mim. Li livros que provavelmente não teria lido com os ombros cheios de responsabilidade. Convivi com pessoas com outros ideais, outros conceitos e outros pré-conceitos, ouvi músicas que não são as minhas preferidas, freqüentei lugares diferentes dos rotineiros e ainda tive tempo para as coisas rotineiras, para as coisas que eu gosto, que eu acredito e partilhei delas com muita gente.

Em 2009 sei que amei e deixei que as pessoas soubessem isso – algumas, não todas, não evolui o suficiente para isso. E quando achava que o ano não me surpreenderia mais descobri que começo a me desfazer do medo de dizer o que sinto e o que penso achando que isso pode acabar ou distanciar uma amizade. Se for amizade mesmo ela não vai embora. E por fim digo que em 2010 quero que meu corpo aprenda que devemos fazer 3 vezes antes de pensar, pois o que importa na vida e dizer o que pensamos e fazer o que sentimos.

Vanessa Farenzena

28 de dezembro de 2009

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